Queridos Pustas companheiros de jornada!!!
NAMASTE!!!
Cá estamos em nosso último dia de Índia, agora já em Delhi, a jovem Big City indiana.
Dá pra acreditar que esta cidade está comemorando apenas 100 anos? Pois é, nem podia imaginar que existissem números tão modestos na Velha Terra.
Bem, em nosso último encontro estávamos na emblemática magnética mágica Varanasi, a Terra de Shiva e também de Buda.
Para quem não sabe o príncipe Sidarta se ilumina em uma cidade próxima a Varanasi chamada Bodhigaia e, já na condição de Buda, faz seu primeiro discurso em Varanasi.
Varanasi também é uma cidade importante para os muçulmanos, pois pouco mais da metade da população é islâmica e passear pelo bairro muçulmano e ver um monte de mulheres usando burka é bem vibrante, em se tratando de Índia.
Depois de ter sido brindado na última noite em Varanasi com uma enorme lua cheia prateando o Ganga, pela manhã embarco em um trem para uma longa jornada de 19 horas rumo a Rishikesh, encostadinha no Himalaia, e desta vez, ao invés de ser adotado no trem por uma Grande Família de classe média, como foi na viagem a Varanasi, faço o percurso entre uma família bem menos numerosa e bastante simples e pobre e, assim, vivencio um pouco de sua rotina.
Eles aparentam ser camponeses, falam poucas palavras em inglês e embarcam no trem portando uma sacola lotada de grãos e cereais, como um tipo de arroz pré-cozido que eles acrescentam às iguarias que compram dos vendedores que fazem dos vagões da 2ª classe uma verdadeira feira ambulante.
Então imagine. Eles compram um pratinho de ervilhas cozidas, por exemplo, e a elas acrescentam grande quantidade do arroz pré-cozido e ainda outros grãos fazendo, assim, o prato ficar bem enriquecido por um baixíssimo custo.
Porém, tudo ia bem até que surge um detalhe sórdido: toda a comida é misturada sobre uma grande folha de jornal e, a partir dele, todos comem juntos com as mãos.
Um lance bem comunitário. hehehe
Uma coisa que chama bastante a atenção nesta terra é como os pais são super pais, sempre presentes, prestativos, embalando as crianças e dividindo fifty-fifty o trabalho de educar com as mães.
Ambos, pais e mães, são muito carinhosos, jamais batem, sequer gritam com as criança.
A família é a unidade básica da sociedade indiana e talvez seja a mais sagrada instância desta sociedade, e isso fica bem claro com o espanto que vejo nos olhos de um indiano quando tento explicar que fui casado 17 anos e que, neste período, não tive filhos por uma opção pessoal.
Separação eles até compreendem e aceitam, mas um casamento sem filhos é algo inconcebível e chocante para um indiano.
Bem, desembarco em Rishkesh, terra himalaia que retorno depois de 2 anos.
Paraíso entre montanhas verdejantes, rio Ganges esmeralda, transparente, límpido, recém-nascido do degelo dos altos picos.
Um quase nirvana.
Entre os viajantes mais experientes da Índia, Rishikesh ‘quase não é considerada Índia’, é considerada uma espécie de Broadway, afinal por ali não há buzinas e nem aglomerações humanas. O que há é uma grande aglomeração de ashrams e gurus e muita paz nesta que é considerada a Capital Mundial da Yoga.
Em Rishikesh me sinto em casa, reenncontrando amigos como Seema, a dona da pousada do topo da montanha em que fiquei da outra vez e que trata os viajantes como filhos.
Ou Gajarant, o dono do centro de massagem ayurvédica, onde da outra vez fiz 2 cursos e que se casará no mês que vem. Desta vez, como da outra, me leva para jantar e quando dou a ele um presente de casamento fica deveras emocionado.
É um cara muito legal.
Também reencontro, depois de 2 anos, Prem Baba, o Mestre do Amor, a quem me ligo em nosso primeiro encontro e que tenho o privilégio de reencontrar e ouvir suas sempre profundas palavras.
Apesar do curto período, e de sua sempre superlotada agenda, recebo a honra de me encontrar em particular com o Guru, sempre um presente cósmico.
O dias em Rishikesh são dias de descanso e lazer, uma espécie de parada técnica para refazer o corpo, lavar roupas e caminhar pelas trilhas da cidade sem pressa de chegar.
Foram 3 dias de sono bem dormido, banhos perfeitos e o banheiro mais limpo da Índia.
E assim, depois de 5 divinos dias neste paraíso terrestre, com manhãs e tardes ensolaradas e noites muito frias, perto dos 3 graus, me despedi de Rishikesh sob uma fria chuva que fez despencar ainda mais os termômetros rumo a Delhi para encerrar este mês abençoado de jornada vivido na Antiga Terra.
DANEVAT!!! (OBRIGADO!!!)
AO UNIVERSO, POR ESTA MAIS QUE ABENÇOADA VIAGEM DE ENCONTROS E REENCONTROS COM LINDAS PAISAGENS E SÁBIOS MESTRES!
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Shiva
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DANEVAT!!!
Assim, ao chegar em Delhi encontro a mesma frente fria que deixo em Rishikesh e vivo 3 dias de muito frio e fog na metrópole.
Ali faço compras maravilhoooosas de roupas e muambas que estarão à disposição de todos assim que pousar no Brasil.
Porém, quando todas as surpresas já pareciam ter sido anunciadas durante a viagem, um dos acontecimentos mais pitorescos e legais de toda a viagem ainda estava para acontecer e, tão logo me instalo no hotel em Delhi, por volta de 22 horas, ele se descortina em minha frente.
Depois de cumprir as burocracias da recepção, sigo para o meu quarto e, ao chegar ao saguão onde ele fica, cumprimento dois homens que ali estão fazendo, o que naquele momento eu acredito ser, uma salada de frutas, picando frutas bem miudinhas. De passagem elogio o trabalho e recebo um sorriso da dupla.
Então, me instalo no quarto e pergunto ao rapaz do hotel se o restaurante ainda estaria aberto, ao que ele disse que não em decorrência do avançado horário. Falo, então, que vou sair para a rua para procurar algum lugar para comer.
Neste momento, um dos homens que picava os alimentos ouve minha conversa e se dirige a mim dizendo: “Senhor, por favor, venha comer conosco”.
Fico surpreso com o convite vindo de um contato tão prematuro e, como alguém que aprendeu com agradecimento a aceitar os presentes da Vida, aceito de imediato o gentil convite.
Mas, no íntimo, me pergunto:’ Será que terá "salada de frutas” para todos?’
Começamos a conversar e ele me diz que são jordanianos e que estão em Delhi em um grupo de 6 comerciantes de roupas em trabalho de compras. Então, seus companheiros chegam e todos nós nos sentamos em torno de uma mesa redonda de centro.
Aí, o rapaz do hotel chega subindo as escadas carregando uma grande panela e uma enorme bandeja e, para meu espanto, os homens abrem a panela e despejaram todo o conteúdo sobre a bandeja formando, assim, uma incrível montanha de arroz cozido com pedaços de carne, cogumelos e uma série de saborosíssimos temperos, pistaches e amêndoas, tudo sobre a mesa de centro da sala. Então, a cada um de nós é foi dada uma colher e todos comemos diretamente da bandeja o melhor néctar de toda minha viagem.
Para acompanhar o arroz é servido aquilo que inicialmente supus ser uma salada de frutas e que, na verdade, é salada de tomate e pepino com iogurte.
Após aquele banquete, ao estilo do deserto, quase todos do grupo arrotam mostrando satisfação e se sentam na sala adjunta para tomar chá e fumar seus narguiles.
MARAVILHOSO!!!
Como forma mínima de agradecimento, me dirijo ao grupo e digo ao modo árabe as palavras IN SHALLA !!! (Obrigado) e um Al RAM DULELLAH!!! (algo que na nossa língua será "agradeço tudo que Deus me mandar!"), o que gera um grande sorriso do grupo.
Pouquinho de noite das arábias em terras indianas...
No dia seguinte, chega a hora de ir e, então, pego pela manhã meu avião, rumo a Milão, com 2 horas de atraso em decorrência do denso fog que não para de causar seus estragos.
Com isso, depois de 9 horas de voo, chego em Milão e descubro que a conexão que me levaria a Roma naquela noite partiu 15 minutos antes da minha chegada.
Mais um avião perdido!
Para muitos significaria um grande azar, mas para mim é a mais abençoada sorte, pois acabo sendo instalado no Crowne Plaza de Milão (não fico no Sheraton por não ter lugar! UIUIUI!), onde vivo um jantar dos deuses, com muito funghi, mussarela de búfala e torta de framboesa de sobremesa, uma noite de baraozão (não barãozinho... hehe) com direito a banho de banheira, quarto aquecido para suportar os 3º C negativos que esfriam a alma do lado de fora e até roupãozinho. HAHAHA.
Isso mesmo, depois de 32 dias em hotéis rústicos padrão Índia, eu em uma cama king size, travesseiros gigantes e de roupãozinho assistindo as notícias sobre o recente acidente do Costa Concórdia?!
E o melhor: tudo por conta da Alitalia.
GRAZIE!!!
Na manhã seguinte, pego o avião rumo a Roma, onde chego depois de pouco mais de meia hora de voo.
Tudo continua perfeito, afinal, depois de uma ótima noite de sono, sobrevoo os Alpes e chego em Roma pela manhã, onde me dirijo de ônibus e metrô ao meu hotel, ao passo que se chego na noite anterior teria que pagar um taxi.
Mais uma vez, o Universo em ação!
Agora vos falo diretamente de um bucólico bangalô em um hotel/camping que fica próximo da periferia da cidade e que mais parece uma pousada no campo, mais uma super dica/presente de mais um anjo lindo chamado Cauana que, além de tudo, me prepara um roteiro com os bons lugares a serem visitados na antiga cidade.
Percebo mais uma vez que o segredo é entregar para quem definitivamente manda nos nossos passos: o Abençoado Universo!!!
Em Roma, fico 3 dias curtindo as ruas, as deliciosas pessoas, os formaggios, os prosciuttos e as pizzas desta deliciosa cidade, à qual retorno depois de 26 anos, onde vivi o meu primeiro mochilão solitário com joviais 19 anos.
PUSTSGRILAS!
Bem, ainda envio uma última mensagem contando as peripécias desta curta e vibrante fase europeia de nossa linda viagem.
BEIJO NO CORACAO!
DANEVAT por estar sempre tão perto!!
GRAZIE!
SORTE!!!
AMIn
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